A humanização na Unidade de Emergência

No ano 2000, a XI Conferência Nacional de Saúde teve como tema “Acesso, qualidade e humanização na atenção à saúde com controle social”, trazendo pela primeira vez o assunto para discussão nacional. A partir desse momento, o tema ganha um novo direcionamento e teve como resultado, em 2003, a implantação da Política Nacional de Humanização (PNH), que trouxe proposta de mudança nos modelos tradicionais de atenção e gestão em todo o SUS.
 
Os princípios estruturantes desta política são: 1 transversalidade, 2- indissociabilidade entre atenção e gestão e 3-protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos.
 
 A Unidade de Emergência do HCFMRP-USP tem longa história com o tema humanização. Mesmo antes da Política Nacional de Humanização, há pouco mais de 20 anos, a UE foi referência nacional por um modelo de gestão compartilhada realizada através de Conselhos Gestores.
 
Nesta época, passou a trabalhar em sua porta de entrada com assistentes sociais, durante 24 horas em todos os dias, e psicólogas, por 12 horas, disponíveis para acolhimento a pacientes e familiares em situações de agravo agudo. Também já se pensava em alta responsável e resolutiva, com a atuação de uma enfermeira exclusiva e responsável por organizar a saída do usuário do hospital.
 
Na elaboração do Planejamento Estratégico 2015-2018, uma das ações propostas para a UE foi a implantação de um Núcleo de Humanização na Unidade de Emergência.
A partir desse momento, a Coordenadoria realizou diversas ações que resultaram, em 2016, no convite a funcionários identificados com o tema. Este grupo foi o embrião que resultou no Grupo de Trabalho e Planejamento em Humanização da Unidade de Emergência. A metodologia de implantação foram reuniões periódicas, nas quais foram discutidas bases teóricas, significados e sua vinculação ao que se fazia na UE.
O GTP-HU realizou um mapeamento das ações de humanização que aconteceram, ao longo dos anos, na UE com o objetivo de fazer seu acompanhamento e estabelecer ações no sentido de ampliar as ações consideradas importantes, além da incorporação de novas ações. 
É um grande desafio à gestão da saúde considerar o conjunto de demandas numa ética que contemple os interesses da coletividade, as necessidades de usuários e os desejos dos diversos grupos de trabalhadores do setor. Embora importantes, não são as ações ditas humanizadoras que determinam um caráter humanizado a um serviço como um todo, mas a utilização dos princípios conceituais que definem a humanização como a base para toda e qualquer atividade.
 
A UE tem feito um trabalho neste sentido, entendendo que o serviço público por não visar retorno pecuniário é o espaço privilegiado para reunir o que de melhor o ser humano é capaz de produzir: aliar conhecimento científico a um trabalho integrado, multidisciplinar de atendimento às pessoas nos momentos em que elas mais precisam.
 
Referência: Dr. José Paulo Pintyá –  Diretor do Departamento de Atenção à Saúde da UE  e Raquel Vercese (Coordenadora do Nucleo de Humanização da UE)