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Alunos da Casa da Ciência do Hemocentro RP revisam artigo científico para a Frontiers for Young Minds

Douglas Barboza, Luan Bertoloti, Maria Eduarda Jurado e Olavo Caetano Inácio, moradores de Luis Antônio-SP, que fica a 50 km de Ribeirão Preto, foram os responsáveis pela adaptação, para o público jovem, do texto do pesquisador Andrew Parker, da Universidade de Oxford, Reino Unido.

Os adolescentes haviam participado das atividades de Iniciação Científica Júnior promovidas pela Casa da Ciência, durante o ano de 2017. Com orientação do professor Guilherme Lucas, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, desenvolveram o projeto Explorando o Sistema Nervoso.

Quando Lucas, que também é editor-associado da revista digital, fez o convite para a revisão da Frontiers, os jovens se sentiram inseguros. Maria Eduarda confessa que teve medo. “Teríamos que revisar um artigo em outra língua, escrito por um PhD em ciências naturais e torná-lo acessível para que qualquer pessoa pudesse entender”. Mas, afirma que “participaram de uma experiência muito interessante, desafiadora e que aprofundou o conhecimento sobre o cérebro” adquirido durante a Iniciação Científica.

Já o professor Lucas diz que não duvidou da capacidade de seus orientados. “Desde o início, era evidente a familiaridade desses alunos com o método científico e seus conceitos fundamentais”. Afirma que eles já possuíam as “ferramentas essenciais para avaliar, criticar ou sugerir novas maneiras para se investigar o tema proposto”, mesmo antes de começar a iniciação em seu laboratório.

A tarefa dos jovens revisores foi adaptar o texto do artigo em que Parker apresenta os resultados de sua pesquisa sobre o comportamento do cérebro exposto a diferentes opiniões sobre um mesmo tema. O pesquisador obteve imagens do cérebro (escaneamento) no exato momento em que o pensamento é alterado por uma nova informação (veja adiante).

Neurociência em linguagem estimulante

Mais uma vez seguindo as orientações do mestre Lucas, os quatro tornaram o texto sobre as descobertas científicas de Parker acessível ao público mais jovem. E tiveram que seguir também o requisito da Frontiers for Young Minds que exige uma publicação ao mesmo tempo precisa e estimulante.

O resultado final Fakes and Forgeries in the Brain Scanner mostra as análises do pesquisador inglês sobre as atividades cerebrais captadas de pessoas enquanto elas observavam um quadro pintado pelo holandês Rembrandt e recebiam diferentes opiniões sobre a obra. Durante o escaneamento do cérebro, os cientistas diziam às pessoas que a tela observada era um legítimo ou falso Rembrandt.

Chamou a atenção de Parker a maneira como as pessoas mudam suas opiniões e atitudes ao receberem diferentes opiniões sobre a mesma obra de arte e, também, o que acontece fisicamente com seus cérebros quando sua opinião é alterada por novas informações. O córtex frontopolor (parte do cérebro envolvida no planejamento estratégico) e o córtex occipital (envolvida na visão) “pareciam trabalhar juntas” ao pensar na pintura falsa.

Alfabetização científica da Casa da Ciência

Pela experiência com os quatro alunos, o professor Lucas acredita que a proposta da Casa da Ciência do Hemocentro de Ribeirão Preto vá além da educação científica; ele a classifica como “alfabetização científica que forma crianças e adolescentes capazes de analisar evidências pelo método científico”.

O programa da Casa começou em 2001 como braço educacional do Centro de Terapia Celular (CTC-USP), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) financiados pela Fapesp. Os trabalhos da equipe da Casa seguem a proposta de reunir pesquisadores, professores de ensino básico e seus estudantes para troca de conhecimentos, como idealizado pela coordenadora da Casa da Ciência, a professora Marisa Ramos Barbieri.

Ao comentar o feito de seus ex-alunos, a professora diz estar diante de uma ótima surpresa que confirma não só a determinação e dedicação do professor Lucas, mas os limites alcançados pelo projeto da Casa da Ciência que “foram ultrapassados com esses resultados”. Eles indicam, continua Marisa, que a iniciação científica é “importante e necessária e quanto mais cedo, melhor”.

Mais informações: ctcusp@gmail.com

Referência: Portal de Informações da USP Ribeirão Preto – Por: Rita Stella, com informações de Eduardo Vidal, CTC-USP