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Gibi e cartilha revelam riscos à saúde de pescadores e a prevenção do câncer de pele

 

Com o verão chegando, redobram os cuidados com excessos de exposição ao sol e a prevenção do câncer mais frequente em nosso país, o câncer de pele. Mas para algumas profissões, como os pescadores, esse cuidado deve se manter redobrado durante todo o ano.

Para essa população, especialistas criaram campanha específica e lançaram cartilha e gibi com orientações, não só contra câncer mas para outros riscos dessa profissão. Em geral são doenças que poderiam ser evitadas com pequenos cuidados.

Quanto aos problemas com o sol, alerta o dermatologista Fred Bernardes Filho, pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e um dos responsáveis pelo trabalho, que “o pescador demora a descobrir doenças que poderiam ser tratadas com diagnóstico precoce e que precisam de orientação sobre cuidados com pequenos machucados e feridas que não saram, pois o câncer de pele pode começar com uma simples ferida”.

O sol pode ser benéfico para a saúde, pois desencadeia a produção da vitamina D após exposição aos raios UVB, por exemplo. Mas também pode ser vilão, uma vez que o excesso de exposição pode levar a manchas na pele e o desenvolvimento de tumores de pele.

 

Com o gibi “Histórias Verdadeiras de Pescador”, a comunidade da pesca recebe orientações sobre os principais acidentes a que está exposta; entre elas, a ocorrência de manchas provocadas pelo sol, como buscar ajuda e evitar automedicação,muito comum entre eles.

 

 

Além do gibi, a cartilha “Saúde da Pele do Pescador” alerta sobre a necessidade da adoção de medidas corretas para preservar a saúde; como agir em caso de acidentes com animais aquáticos, materiais de pesca ou objetos perfurocortantes e também orienta os pescadores a procurar ajuda médica nos postos de saúde.

 

As publicações foram distribuídas em junho deste ano, no Dia de São Pedro, 29 de junho, padroeiro dos pescadores. O evento ocorreu na Escola Cuba, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, local onde surgiu a primeira colônia de pesca do Brasil em 1920.

Os gibis e cartilhas foram intencionalmente distribuídos entre os filhos dos pescadores que, segundo o médico, podem se tornar multiplicadores das informações. “Todos esses problemas podem ser minimizados com a educação em saúde dessas crianças, pois elas vivem a realidade da pesca”.

O trabalho e as publicações do médico foram premiadas em julho pelo Instituto Protetores de Pele, sediado no Rio de Janeiro.

Riscos em colônias de pesca

Cartilha e gibi surgiram em resposta aos resultados de estudo realizado por Bernardes Filho com pescadores das colônias de pesca da Baía de Guanabara – comunidades do Rio de Janeiro, Niterói, Itaboraí, São Gonçalo, Magé e Guapimirim – e também da Colônia da Urca até o Pontal do Recreio.

A pesquisa foi realizada entre 2014 a 2016 e mapeou os acidentes mais frequentes entre pescadores. Dos 388 entrevistados somente 9,7% disseram usar filtro solar; 74,1% sofreram mais de dez acidentes durante a atividade pesqueira e 3,1% relataram antecedente de câncer de pele.  “Todas as pessoas que participaram dessa pesquisa disseram que nunca receberam visita de médico para orientá-los no local que realizavam as pescas, por isso a ideia das publicações”, diz o médico. Outro fato que chamou a atenção do pesquisador foi a queixa constante dos pescadores por causa da poluição.

A cartilha e o gibi foram produzidos pela agência Texto & Cia Comunicação de Ribeirão Preto e as ilustrações são de José Carlos Fecuri. O projeto recebeu apoio da Fundação Instituto de Pesca do Rio de Janeiro, Instituto Protetores da Pele, Instituto de Dermatologia Prof. Rubem David Azulay, FMRP, Sociedade Brasileira de Dermatologia e das regionais  Fluminense e do Rio de Janeiro, Academia Nacional de Medicina e Colégio Iberoamericano de Dermatologia.

Mais informações: f9filho@gmail.com

Referência: Portal de Informações da USP Ribeirão Preto – Por: Júlia Gracioli