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HC faz mutirão para avaliar 200 crianças da região expostas ao zika Meta é atender bebês de 25 cidades da região de Ribeirão Preto cujas mães foram infectadas pelo vírus durante a gestação

O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto vai fazer um mutirão para avaliar 198 crianças expostas ao zika vírus durante a gestação, nascidas entre 2015 e 2016. Os bebês são moradores de 25 municípios da região.

Segundo Marisa Márcia Mussi, professora titular do Departamento de Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina da USP, o objetivo da avaliação é identificar algum impacto no desenvolvimento das crianças, hoje com idades entre 1 e 2 anos, em decorrência da infecção das mães pelo zika.

“São pacientes de outras cidades da região que nunca foram avaliados no HC”, afirma a pediatra.
O mutirão vai contar com a participação de 30 profissionais do HC e Hospital Estadual. Eles farão uma avaliação completa das crianças – estado clínico, crescimento corporal, desenvolvimento de habilidades motoras e de comunicação, tamanho do crânio, além das capacidades cardíaca, auditiva e ocular.

“São testes que não são feitos rotineiramente”, explicou a médica. Caso alguma alteração seja detectada, as crianças serão encaminhadas para tratamento especializado.

“Com isso vamos intervir antes para estimular e evitar problemas futuros. É provável que algumas crianças possam ter algumas manifestações menores que ainda não estejam evidentes, então estamos convidando essas mães a participarem do mutirão”, explicou a docente.

A médica explica que os filhos de mães com zika que nasceram no HC ou já fazem acompanhamento no hospital – hoje são 288 crianças atendidas – não serão atendidos no mutirão.

É o caso da dona de casa Darlene Paula Cassiano, 29, que leva o filho, Eduardo Henrique, 1 ano e 5 meses, para acompanhamento no Hospital das Clínicas desde o 7º mês de gestação.

“Vou levá-lo até os dois anos de idade, é importante para monitorar. Graças a Deus ele não tem nada, não teve nenhum problema”, comemora.

No sexto mês de gestação, quando descobriu que havia sido infectada pelo zika vírus, Darlene se desesperou. “Eu imaginava a todo momento que meu filho poderia nascer com microcefalia”, concluiu.

Arte / A Cidade

Vírus da zika dá uma trégua

O zika vírus deu uma trégua e, entre as 600 gestantes acompanhadas no Hospital das Clínicas desde o início de 2017, nenhuma estava infectada. “A explicação para isso pode ser o comportamento cíclico do vírus ou mesmo a imunidade de quem pegou zika, já que houve uma epidemia entre o final de 2015 e o primeiro semestre de 2016”, declarou a médica. O Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde confirma que os casos da doença despencaram na cidade. Enquanto em 2016 foram notificados 5.509 casos suspeitos, em 2017 caiu para 135. Com relação à microcefalia, o boletim aponta que em 2016 foram 34 suspeitas e 16 confirmações. Já no ano passado nenhum caso suspeito ou confirmado foi notificado.

Pesquisa avalia impacto do vírus  nos bebês

Dos 288 bebês expostos ao zika vírus durante a gestação em acompanhamento no HC atualmente, 40 foram diagnosticados com microcefalia. Resultados preliminares da pesquisa desenvolvida pelo Neimpi (Núcleo de Estudos sobre Infecção Materna, Perinatal e Infantil) do HC sobre o impacto do vírus da zika em bebês revelam um pequeno percentual de crianças com déficits de desenvolvimento motor fino (como a dificuldade de segurar objetos, por exemplo), de linguagem e alguma alteração visual. Iniciado em julho de 2016, o estudo deve ser concluído em um ano, quando todas as crianças acompanhadas chegarão aos 2 anos de idade. “Notamos um percentual ainda menor de crianças com deficiências no desenvolvimento neurológico mais importante, mas por enquanto não é possível dizer de quanto são os percentuais, a pesquisa está em andamento”, ressaltou a médica Marisa Márcia Mussi.

Referência: ACidadeON/Ribeirão – Por Lucas Catanho