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Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto utiliza nova técnica para tratamento de câncer ocular

Câncer maligno, o retinoblastoma atinge crianças recém-nascidas até os três anos de idade e afeta cerca de um caso para 18 mil nascidos vivos

O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP começou, no mês de junho, a tratar pacientes com câncer ocular, o retinoblastoma unilateral, com nova técnica. O tratamento consiste em aplicar a quimioterapia diretamente na artéria oftálmica, ou seja, diretamente no olho doente.

Segundo o professor Rodrigo Jorge, da FMRP, responsável pela equipe que deu início a essa nova técnica,  o procedimento convencional da quimioterapia, utilizado até hoje, age de forma sistêmica e acaba comprometendo outros órgãos, têm alta toxicidade hepática, efeitos adversos no rim, no cérebro, e se o câncer acometer somente um dos olhos, o saudável também sente os efeitos da quimioterapia.

Já na nova técnica o cateter entra pela artéria femoral, na perna, e que vai até o globo ocular. A vantagem, diz o professor, é que, se o câncer acomete somente um olho, o outro não sofre as consequências da quimioterapia; não cai cílio, nem cabelo e não tem o inchaço de pálpebra, que normalmente ocorre na quimioterapia convencional.

O procedimento conta com equipe multidisciplinar de pediatras, radioterapeutas, neuropediatras, radiologia intervencionista e neurocirurgiões. “Além disso, é acompanhada com medidas como a crioterapia que é congelamento do tumor e menor quantidade de sessões. Por exemplo, são necessários seis ciclos na tradicional, mas no tratamento intra-arterial varia entre duas e três sessões”, afirma.

Essa técnica já é utilizada em alguns hospitais no Brasil, especialmente em São Paulo para onde os pacientes de Ribeirão Preto e região eram encaminhados. A partir de agora poderão fazer o tratamento no HCFMRP.

O procedimento já acontecia em instituições na Philadelphia, onde o professor da FMRP foi estagiar, e Nova Iorque, nos Estados Unidos. “Esse processo mostrou resultados mais eficazes em relação à técnica convencional e, ainda, livrou o paciente dos efeitos adversos”.

O tumor ocular maligno é comum em crianças recém-nascidas até os três anos de idade e afeta cerca de um caso para 18 mil nascidos vivos. O professor lembra que tumor é geneticamente determinado e pode ter ações de prevenção, como analisar o histórico da família dos bebês. “O exame de rotina “teste do olhinho” detecta tumores, não é agressivo para as crianças e já realizado no HCFMRP.

Ele ainda explica que o fator limitante é o alto custo do cateter e do quimioterápico usado nessa técnica. Mas, no HCFMRP, por exemplo, a equipe multidisciplinar de pediatras, radioterapeutas, neuropediatras, radiologia intervencionista e neurocirurgiões recebem verbas do Grupo de Apoio à Criança com Câncer (GACC).

Referência: Portal de Informações  da USP Ribeirão Preto – Por: Giovanna Greppi e Rosemeire Talamone