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Núcleo Interno de Regulação da Unidade de Emergência completa dois anos

Um dos processos críticos que a moderna gestão dos hospitais tem enfrentado é a profissionalização do gerenciamento de leitos. Convivendo com o problema crônico de ter em sua porta de entrada um número de pacientes acima do que consegue absorver, muitos encaminhados na condição de vaga zero, a Unidade de Emergência do HCFMRP-USP inaugurou em fevereiro de 2016 o seu Núcleo Interno de Regulação (NIR-UE) com a proposta de otimizar seus recursos e seus fluxos assistenciais. 

Entre os desafios o NIR-UE deveria  “aumentar o número de leitos do hospital sem criar novos leitos físicos e sem acrescentar recursos humanos na assistência”. E conseguir isto mudando somente processos de trabalho. 

Muitas ferramentas de informática utilizadas no início do trabalho do NIR-UE foram construídas, a partir de 2013, com a finalidade de gestão de leitos. Os programas de informática construídos em conjunto com o CIA foram implantados, validados e moldados para a realidade existente com finalidade de maior eficiência. Esta atividade era feita pela Coordenadoria  dividida com muitas outras e não conseguia ser sistêmica. Tornou-se necessário existir um local físico (criando uma “marca”) e recursos humanos dedicados exclusivamente ao Gerenciamento de Leitos. Assim nascia o NIR-UE. 

A estratégia de implantação foi cuidadosa para que conseguisse criar uma história de credibilidade e “poder institucional” para participar de negociações necessárias com o corpo clínico e os outros profissionais. Definiu-se como fundamental que se negociasse o tempo todo, evitando conflitos. Para o quadro de recursos humanos ser proativo, ter inteligência emocional e ser pouco reativo a situações de estresse, foram   critérios de eleição.  

No dia a dia trabalhar com negociações transparentes com todos, ter seus combinados com as equipes realizados e validados pela Coordenadoria, quando preciso. Era preciso  demonstrar aos médicos que a vida deles na Unidade de Emergência não é fácil mas o NIR-UE estava ali para ajudá-los, para ser parceiro, para diminuir a quantidade de variáveis com que eles tem que lidar, para que sobrasse mais tempo para cuidar diretamente dos pacientes. 

Em poucos meses, o NIR-UE conseguiu resultados significativos na melhoria dos processos assistenciais, melhorando os fluxos internos de internação, otimizando os processos de alta e melhorando as interfaces com os serviços externos. Processos que eram truncados e fragmentados foram organizados com a ajuda do NIR-UE.  

Para o acompanhamento do trabalho, desde o início a Coordenadoria faz uma reunião mensal onde são discutidos problemas na organização da Rede de Urgência e Emergência (RUE),  melhorias nos Sistemas de Informática e indicadores assistenciais e de processo têm sido trabalhados. 

Um dos indicadores que mostra bem o trabalho no NIR-UE é o tempo de vacância dos leitos: 

1-Em uma área crítica como o CTI adulto, que em 2015 teve tempo de vacância de leitos de 4.215 horas e em 2017 de 2.939 horas. O trabalho do NIR-UE em conjunto com o pessoal do CTI adulto conseguiu diminuir em 30% a vacância de leitos no CTI adulto (isto significa apenas 2% de horas/leito disponíveis não são aproveitados.  

2-O Tempo de vacância de leitos para pacientes adultos na UE, que em 2015 foi de 66.435 horas e em 2017 de 56.781 horas. Isto significa que os pacientes e a RUE tiveram a sua disposição, em um ano, 10.000 horas a mais de leitos disponíveis.  

3-A  média de permanência (em dias) da Clínica Médica, Clínica Cirúrgica e Neurologia diminuíram apesar do aumento da complexidade.  

Isto mostra um pouco do muito que se fez nestes dois anos. Mas existe muito do que foi planejado a se colocar em prática.  

1-O aumento da jornada com funcionamento do NIR-UE em período integral talvez seja a principal meta. Para isso é preciso ampliação do quadro de pessoal e priorização de contratações para o NIR-UE.  

2-A atuação do NIR-UE no acompanhamento dos protocolos assistenciais das grandes linhas de cuidado (Trauma, AVC e IAM), que já foram revisados, terá papel importante no resultado da assistência,  já que o resultado desta assistência está diretamente ligado à disponibilidade de meios adequados para que aconteça no local e tempo adequados à complexidade de cada caso. 

3- A atuação do NIR-UE no acompanhamento dos processos assistenciais do Centro Cirúrgico, participando da elaboração da grade cirúrgica em parceria com as equipes, visando diminuir a taxa de suspensão de cirurgias, diminuição de atrasos nos horários previstos, alocando egressos cirúrgicos, é outro processo de trabalho a ser implementado.   

Áreas semelhantes em outros hospitais 

O Núcleo Interno de Regulação está previsto na Portaria da Rede de Urgência e Emergência e foi implantado na maioria dos hospitais que participam da RUE. Em todos os hospitais,  o NIR está tendo um impacto significativo. 

O NIR-UE participa de reuniões mensais no DRS, junto com os NIR de outros hospitais com a finalidade de aperfeiçoar processos, melhorar fluxos, diminuir conflitos.  

Esta aproximação tem sido muito positiva. Um dos grandes impactos destas reuniões é a aproximação dos diferentes serviços e atores da RUE, com maior interação e conhecimento, com diminuição de conflitos, com propostas de soluções em grupo e divisão de responsabilidades. 

O NIR-UE tem tido papel fundamental na construção deste novo modo de trabalho em rede. 

Referência:  Por Doutor José Paulo Pintyá – Coordenador Médico da Unidade de Emergência 

Foto equipe: 

Equipe do Núcleo Interno de 

Regulação da 

Unidade de 

Emergência: Karina Messias 

(enfermeira),  

Gabriela Levorato Pereira (enfermeira), doutor Sergio Innocente (médico),Leni Cirilo (assistente social)