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O Hemocentro RP coleta plasma de pacientes que foram curados da Covid-19, para testes experimentais

‘Transplante de imunidade’, diz diretor do Hemocentro sobre testes com plasma para tratar Covid-19.

O Hemocentro de Ribeirão Preto (SP), centro de referência em hemoterapia no estado de São Paulo, começou a coletar nesta segunda-feira (6) o plasma de pacientes que foram curados da Covid-19. O material será usado em testes experimentais para tratar doentes em estado grave.

Segundo o diretor e hematologista Rodrigo Calado, que também é coordenador do estudo, a aplicação de plasma para combater doenças infecciosas não é uma novidade na ciência brasileira, mas o uso é pouco frequente. O conhecimento adquirido ao longo de pesquisas anteriores favorece a compreensão sobre o efeito dos anticorpos de uma pessoa no organismo de outra.

“A gente está transferindo a imunidade de alguém que já se curou para alguém que ainda está combatendo o vírus no organismo. É um transplante de imunidade de uma pessoa para outra, para passar os anticorpos”, afirma.

Os resultados positivos obtidos até o momento nos EUA e na China, países fortemente atingidos pela pandemia, são promissores e animam os pesquisadores no Brasil.

Segundo o diretor, estão em foco dois objetivos: evitar mortes e agilizar o processo de cura para liberação de leitos em unidades de terapia intensiva (UTI) e de respiradores.

“Um dos problemas que a gente tem é que as UTIs vão ficar lotadas. Se a gente conseguir reduzir o tempo que o paciente vai depender do respirador mecânico e ficar na UTI, a gente pode liberar esse leito e esse respirador para outro paciente que precisa deles também”, diz.

Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) permitiu o início de testes clínicos com plasma de pacientes em São Paulo. — Foto: Reprodução/TV GloboComissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) permitiu o início de testes clínicos com plasma de pacientes em São Paulo. — Foto: Reprodução/TV Globo

Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) permitiu o início de testes clínicos com plasma de pacientes em São Paulo. — Foto: Reprodução/TV Globo

O plasma é a parte líquida do sangue, composto de sais minerais, vitaminas e anticorpos. Os doadores precisam ter confirmado o diagnóstico pelo vírus Sars-Cov-2, responsável pela Covid-19, mas também devem estar livres de qualquer sintoma há pelo menos 14 dias.

“Eles precisam estar plenamente recuperados e sem sinal do vírus. Nem no nariz, na faringe ou no sangue. A gente precisa confirmar que eles já se livraram do vírus. Já mataram completamente o vírus. A gente quer colher os anticorpos do sangue dele, que eles já formaram”, afirma.

O especialista afirma que os pacientes que vão receber o plasma serão selecionados a partir das próximas semanas, porque é necessário obter uma quantidade suficiente do material.

“Como vocês já viram, a doença é muito rápida e o objetivo é tratar os pacientes logo na primeira semana da infecção, dos sintomas”, diz.

Os doadores voluntários podem entrar em contato com o Hemocentro pelo telefone 0800 979 6049.

Vigilância

Em nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que reconhece que o plasma tem potencial de ser uma opção para tratamento da Covid-19. Mas que o tamanho limitado de amostras e o desenho dos estudos impedem a comprovação definitiva sobre a eficácia.

A Anvisa disse que é papel dela alertar que não existem evidências científicas conclusivas sobre a eficácia do tratamento e que os estudos clínicos com o plasma para a Covid-19 não precisam ser aprovados pela agência.

O Ministério da Saúde disse que realiza uma revisão da literatura científica para avaliar se há dados suficientes e robustos a respeito da eficácia da utilização da técnica e que está em contato com centros hemoterápicos que deram início aos protocolos de pesquisa.

De acordo com o Ministério, se houver evidência da efetividade de novas terapias, as orientações serão compartilhadas para o uso delas pelo serviço de saúde.

Referência: Por G1 Ribeirão Preto e Franca – Foto: Reprodução/EPTV