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Queda de doações de sangue deixa hemocentro de Ribeirão Preto em alerta

Com estoque de sangue 40% abaixo do necessário, a Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto (SP), que atende um terço dos hospitais no Estado de São Paulo, está em alerta. Em um período de baixa nas doações, devido às férias e à proximidade do carnaval, as nove unidades de coleta recebem 30 bolsas por dia, quando deveriam obter pelo menos 50.

A biomédica do hemocentro Mirian Castanheira afirma que os dados apontam uma tendência de queda na adesão de voluntários, sobretudo nos últimos três anos. Em 2015, quando foi feito o último balanço de doações, foram contabilizadas 93.077 bolsas, menor número em oito anos. A expectativa é de que o resultado alcançado em 2016, ainda não fechado, não supere o ano anterior.

“Por mais que a gente lute para que a cultura do cidadão mude, parece que menos eles se conscientizam da importância de doar. É preciso mudar o comportamento, o conceito das pessoas, para que entendam que sangue não se fabrica”, afirma Mirian Castanheira, biomédica do Hemocentro.

É preciso mudar o comportamento, o conceito das pessoas para que entendam que sangue não se fabrica”
Mirian Castanheira, biomédica do Hemocentro

Captações em baixa
Com uma média de 7,7 mil doações por mês, a Fundação Hemocentro de Ribeirão atende 120 hospitais em 220 municípios. O sangue coletado em suas nove unidades – duas em Ribeirão e mais sete no interior, em cidades como Fernandópolis (SP), Franca (SP) e Presidente Prudente (SP) – não é destinado apenas à rede pública, mas também a hospitais particulares, quando necessário.

“O Hemocentro de Ribeirão Preto é um centro regional e distribuidor de sangue para 33% do Estado de São Paulo. Nós abastecemos todos os hospitais que precisarem, inclusive bancos de sangue particulares”, diz Mirian.

De acordo com a fundação, as nove unidades coletam, em média, 30 bolsas de sangue por dia, quando o ideal seria obter entre 50 e 70 doações diárias.

Segundo o hemocentro, em 2015 o hemocentro registrou seu pior índice de coleta em oito anos, com 93.077 bolsas. Em 2007, pior resultado até então, a coleta tinha sido de 93.023.

“Quando falamos em saúde, não existem dados matemáticos precisos. Ao ver a queda em números, realmente não parece muito, mas, isso porque está sendo analisada a doação e não a demanda. Não existe um dado de quanto os hospitais demandaram nesses anos analisados por causa da quantidade de hospitais que atendemos”, esclarece.

 Mudança de comportamento

Segundo Mirian, o número de doações no Brasil nunca foi constante e nunca fez parte da cultura do brasileiro por não ter havido uma política de educação voltada para o assunto. Para a biomédica, a queda nas coletas representa o imediatismo e falta de empatia das gerações mais recentes.

  • Número de doações:

2015 – 93.077
2014 – 93.717
2013 – 94.866

Fonte: Hemocentro

“Não é porque o brasileiro é ruim ou egoísta. Na verdade, ele é muito bom, mas não tem essa cultura, essa educação. Ele não consegue entender a importância de se doar até que alguém da família passe apuros. Não existe sangue sintético, apenas único e exclusivamente do ser humano para salvar outro. Se houvesse uma forma de doar sangue pelo mouse, nós teríamos um estoque muito maior”, critica.

Mirian ressalta que essas captações caem ainda mais no período de férias e feriados, quando a população viaja. Para lutar contra isso, o Hemocentro realiza campanhas durante todo o ano com frases de efeito justamente para tentar chocar a população. A campanha das férias deste ano recebeu o slogan “Não dê férias à solidariedade.”

As campanhas, segundo ela, mobilizam muitas pessoas em um determinado período, mas os mesmos doadores não retornam depois do prazo estipulado para novas coletas e o estado de alerta se mantém.

“Depois de um tempo, abandonam e deixam de doar, mas, dali cinco dias eu vou precisar de plaquetas novamente. Plaquetas só duram cinco dias, hemácias só duram um mês. Ou seja, não adianta lotar de gente aqui em um pequeno período e achar que o hemocentro terá sangue para o resto da vida, porque esse sangue precisa ser renovado”, explica.

A aproximação do carnaval já preocupa a organização do Hemocentro. Segundo Mirian, a equipe de marketing da fundação já se organiza para enviar aos setores de relações humanas das empresas para convidar os funcionários a doar. Em março, a frase de efeito será “Comece o carnaval fazendo a alegria de alguém: doe sangue”.

Estoque de sangue é o pior dos últimos cinco anos no hemocentro em Ribeirão Preto (Foto: Ronaldo Gomes/EPTV)

 

Serviço

O Hemocentro de Ribeirão Preto fica na Rua Tenente Catão Roxo, 2501, no Jardim Monte Alegre. O horário de atendimento de segunda a sexta-feira é das 7h às 13h. Aos sábados e domingos, a unidade funciona das 7h às 12h30.

O posto da Rua Quintino Bocaiuva, 470, no Centro de Ribeirão, também recebe doações, de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h30, e aos domingos, das 7h às 12h30.

Podem doar pessoas desde os 16 anos – acompanhadas dos responsáveis – até os 70 anos que pesem no mínimo 50kg (homens) e 51kg (mulheres) e estejam em boas condições de saúde. Não é preciso agendamento prévio, mas o voluntário deve portar documento com foto.

Referência: Do G1 Ribeirão e Franca – Por: Gabriela Castilho – Foto: Ronaldo Gomes/EPTV