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Fono, fisio, praia: pais fazem planos após separação de gêmeas que nasceram unidas pela cabeça Depois de série de 5 cirurgias, Maria Ysabelle e Maria Ysadora começam a experimentar o mundo com autonomia. Pais querem realizar sonho de levar meninas para ver o mar em Fortaleza

 

Pais carregam as filhas gêmeas, separadas após série de cirurgias no HC em Ribeirão Preto (SP) — Foto: Alexandre Sá/ EPTV

Pais carregam as filhas gêmeas, separadas após série de cirurgias no HC em Ribeirão Preto (SP) — Foto: Alexandre Sá/ EPTV

Dois mil e dezoito ficará marcado como o ano de uma profunda e essencial mudança na vida das gêmeas cearenses Maria Ysabelle e Maria Ysadora, de 2 anos. Nascidas unidas pela cabeça, elas começam aos poucos a experimentar o mundo de uma maneira um pouco mais autônoma, depois de serem submetidas a um dos procedimentos cirúrgicos mais complexos e avançados da medicina brasileira.

A iniciativa inédita no Brasil foi realizada em cinco etapas, envolvendo especialistas norte-americanos e uma equipe multidisciplinar do Hospital das Clínicas da USP, em Ribeirão Preto (SP), comandada pelo professor e neurocirurgião Hélio Rubens Machado.

Com a ajuda de amigos e de casa nova em um condomínio no interior de São Paulo, onde devem permanecer em 2019 para uma etapa de reabilitação motora e cognitiva das crianças, os pais acompanham pequenos grandes progressos diários, como os primeiros passos e a primeira volta nos brinquedos do parque, enquanto projetam concretizar sonhos como o de levar as meninas para conhecer o mar.

“A gente vai pegá-las e levar pra ver o mar, ir à praia. Isso é um sonho antigo, uma promessa. (…) A família está bastante ansiosa pela nossa espera lá”, diz o pai Diego de Freitas.

Se depender dos pais, isso deve acontecer daqui a um mês, quando pretendem viajar a Fortaleza (CE) para visitar o restante da família. Eles adiaram a viagem do fim de ano para esperar uma cicatrização em Maria Ysadora.

Além disso, contam com o fim dos ataques no Ceará, que completou 18 dias de violência, segundo a pediatra Maristela Bergamo, uma das integrantes do grupo que atuou na separação das gêmeas. 

“Por isso mesmo que eles também quiseram ficar, na verdade foi uma coisa a mais, eles não deixaram de ir por conta disso, mas é um motivo a mais pra eles ficarem”, diz.

Depois das férias no Nordeste, a família deve voltar a Ribeirão Preto para intensificar as sessões de fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia no centro de reabilitação do Hospital das Clínicas.

“Vão fazer acompanhamento dentro da fisioterapia para aprender a andar, aprender a controlar o corpo, com a terapia ocupacional, pra conseguir inseri-las no universo de uma criança de 2 anos e com a fonoaudiologia, por exemplo, que vai ajudá-las na deglutição, em tudo que elas não conseguem fazer por terem ficado deitadas por muito tempo”, explica a pediatra Maristela Bergamo, uma das integrantes do grupo que atuou na separação das gêmeas.

Os tratamentos têm o objetivo de fazer com que as crianças avancem etapas de desenvolvimento e desempenhem tarefas comuns para a idade delas, como andar, falar e sentar-se sem a necessidade de apoio.

 

“Podemos dizer que elas estão se desenvolvendo muito bem de acordo com o que elas passaram. Elas estão muito bem. Elas têm 2 anos agora e estão aprendendo muitas coisas que não fizeram antes, mas bem próximo de uma criança de 2 anos como qualquer outra”, explica Maristela.

 

Segundo o neurocirurgião Ricardo Oliveira, quase dois meses depois da última das cinco cirurgias, que durou 20 horas, as meninas têm respondido acima das expectativas do corpo clínico e muito melhor em comparação a outras 70 cirurgias de separação realizadas no Brasil desde 1952.

O neurocirurgião Ricardo Oliveira, um dos responsáveis pela separação das gêmeas siamesas em Ribeirão Preto (SP) — Foto: Alexandre Sá/EPTV

O neurocirurgião Ricardo Oliveira, um dos responsáveis pela separação das gêmeas siamesas em Ribeirão Preto (SP) — Foto: Alexandre Sá/EPTV

Depois da separação, os médicos ainda precisaram retirar um pouco de pele da coxa de Maria Ysabelle para fazer um enxerto no couro cabeludo, procedimento que apenas confirmou o êxito das etapas anteriores.

“Depois de tantos e tantos estudos, discussões, análises e apreensão por todos, da família e mesmo da equipe, embora muito bem preparada, obviamente sempre houve uma certa apreensão em cada etapa porque sempre era um momento novo, mas hoje acho que é realmente um momento de comemorar, momento que nós tivemos um excelente resultado”, afirma.

Da fala aos gestos próprios de comportamento de cada uma, o progresso apontado pelo médico é percebido pela família, otimista com o que virá pela frente depois de todo o sofrimento superado. “Para o ano que vem a expectativa da gente é muito boa. Em janeiro a gente volta pra nova etapa de fisioterapia”, diz Freitas.

 

Última cirurgia de separação das siamesas Maria Ysabelle e Maria Ysadora em Ribeirão Preto (SP) — Foto: HC-FMRP/DivulgaçãoÚltima cirurgia de separação das siamesas Maria Ysabelle e Maria Ysadora em Ribeirão Preto (SP) — Foto: HC-FMRP/Divulgação

Última cirurgia de separação das siamesas Maria Ysabelle e Maria Ysadora em Ribeirão Preto (SP) — Foto: HC-FMRP/Divulgação

  

Referência: Por G1 Ribeirão Preto e Franca