Matheus Urenha / A Cidade

Desfile reuniu pacientes em tratamento contra o câncer de mama no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto; veja mais fotos na galeria (foto: Matheus Urenha / A Cidade)

 

A funcionária pública Rita Helena de Melo, 39, descobriu um câncer na mama esquerda por meio do autoexame realizado há seis anos. A descoberta veio com surpresa, já que ela estava fora da idade padrão – tinha 32 anos na época e não tinha histórico na família.

A doença estava em estágio avançado, mas o tumor desapareceu após sessões de radioterapia, quimioterapia e a retirada da mama. Cinco anos depois de curada, hoje a funcionária pública passa pelo médico semestralmente e faz ultrassom e mamografias anuais.

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“É uma luta diária porque é um fantasma na vida da gente. Eu não tinha nenhum histórico na família, foi muito rápido. Considero uma bênção de Deus estar curada hoje, quero aproveitar cada momento da minha vida. Não tive problema em retirar o seio nem em perder o cabelo, o meu desejo era ficar viva”, destaca.

O câncer de mama foi responsável pela morte de 755 pacientes – 752 mulheres e três homens – em Ribeirão Preto nos últimos 11 anos.

Somente no Hospital das Clínicas, a doença fez 127 vítimas fatais entre 2012 e 2016. Hoje, o hospital atende cerca de 850 pacientes com a doença.

Precoce

A médica assistente da Divisão de Mastologia e Oncologia Ginecológica do HC, Isabela Carlotti Buzatto, destaca a importância do diagnóstico precoce, já que o câncer de mama em estágio inicial tem cerca de 90% de cura nos primeiros cinco anos após a descoberta. Em estágio avançado, o índice cai para 19%.
A mastologista explica que o câncer de mama é uma doença que pode ser causada por múltiplos fatores e que, do total de casos, somente entre 5% e 10% têm como motivação o histórico familiar.

Os outros 90% estão relacionados a fatores como obesidade, sedentarismo, gestação após os 30 anos, menarca precoce e menopausa tardia, assim como o avançar da idade (leia mais no quadro).

Sinais

Para o mastologista Leonel Costacurta Júnior, os primeiros sinais do câncer de mama são, além do nódulo, secreção avermelhada no mamilo, alteração na pele e retração do mamilo.

“A grande incidência da doença é em mulheres acima dos 50 anos. Quando afeta mulheres jovens é mais grave, pois há probabilidade de a doença ser hereditária e que pode ser também multifocal”, diz o médico. (Colaboração: Rita Magalhães)

Lilian descobriu doença após campanha

Foi por meio da campanha Outubro Rosa de 2012 que a técnica de enfermagem Lilian Baggio, 52 anos, descobriu um nódulo na mama esquerda. “Estava tomando banho e decidi fazer o autoexame. Daí descobri o caroço e corri para o médico para ver o que era.”

Entre a data da descoberta do nódulo até o diagnóstico para câncer de mama foram apenas dois meses. Em março do ano seguinte, Lilian iniciou o tratamento contra a doença. “Confesso que foi um período difícil. Quando recebi o diagnóstico, perdi o chão. O tratamento também foi bastante dolorido, a gente se sente muito mal.”

Lilian passou por 17 sessões de quimioterapia, que derrubaram todos os fios de cabelo, e dois meses de radioterapia. Mas o tratamento agressivo não tirou o bom humor da paciente. “Pelo contrário, eu sabia que o tratamento teria sucesso. Quando estava careca, decidi fazer um book. O objetivo era ter como lembrança e também levar esperança às outras mulheres que tinham a doença.”

Mas com fé e o apoio da família, conseguiu vencer a doença. “Hoje eu digo sem medo: estou curada”, conclui. (Colaboração:  Rita Magalhães)

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HC tem programação

O Hospital das Clínicas promove neste mês uma programação especial referente ao Outubro Rosa. A abertura foi com um desfile, anteontem, de pacientes em tratamento no hospital.

Durante todo este mês, às segundas e quartas pela manhã, são distribuídos panfletos informativos no Ambulatório de Mastologia, além dos postos da Vila Lobato e da rua Cuiabá.

No próximo dia 17, às 9h, pacientes da enfermaria receberão um café da manhã especial, com direito a uma sessão de beleza – cabelo e maquiagem. No dia 30, às 14h, o coral do Rema (Núcleo de Ensino, Pesquisa e Assistência na Reabilitação de Mastectomizadas) fará uma apresentação.

Desde anteontem, os prédios do HC, da Faculdade de Medicina da USP e do Eceu (Espaço Cultural e de Extensão Universitária) estão com iluminação rosa em alusão à campanha de combate ao câncer de mama.

Diagnóstico tardio

O diagnóstico do câncer de mama é feito tardiamente no Brasil. Nos Estados Unidos, metade das pacientes são diagnosticadas em estágio inicial da doença. Um estudo feito no Hospital de Câncer de Barretos mostrou, no entanto, que somente 10% das pacientes foram diagnosticadas no estágio 1 do tumor. Existe uma disparidade entre o que recomendam as entidades médicas e o Ministério da Saúde sobre o início dos exames preventivos – exame físico e mamografia. As entidades recomendam os exames a partir dos 40 anos, feitos anualmente. O Ministério da Saúde recomenda mamografias a cada dois anos, dos 50 aos 69 anos. Estudos mostram que o risco de câncer de mama é reduzido em 30% entre as mulheres que fazem a mamografia anualmente, entre os 50 e 69 anos.

Atendimento foca saúde da mulher

O Fundo Social de Solidariedade e a Secretaria Municipal de Saúde prepararam ações para marcar o Outubro Rosa.

No dia 28, na Esplanada do Pedro II, a secretaria promoverá o Dia da Saúde da Mulher, com atendimentos odontológico, oftalmológico, psicológico, medição de pressão e da glicose. Uma equipe orientará sobre a prevenção ao câncer de mama e colo de útero. Além disso, o Palácio Rio Branco será iluminado de rosa nesse dia.

No site da campanha do Fundo Social – www.ribeiraopreto.sp.gov.br/fsrp/campanha/i31campanha.php – as empresas podem utilizar o material de divulgação para promover ações de prevenção, como iluminar a fachada, divulgar vídeos institucionais, distribuir cartilhas educativas e outras atividades, como caminhadas, jantares, jogos, palestras, entre outras.

Para isso, basta preencher o cadastro para ter acesso ao material e até mesmo agendar reuniões com funcionários da prefeitura, que prestarão o apoio à empresa.

Outubro Rosa 

O movimento conhecido como Outubro Rosa nasceu nos Estados Unidos, na década de 1990, para estimular a participação da população no controle do câncer de mama. Desde 2010, o Inca (Instituto Nacional de Câncer) participa do movimento, promovendo espaços de discussão sobre câncer de mama, divulgando e disponibilizando seus materiais informativos para a sociedade.

Campanha

Uma campanha de arrecadação de lenços e sutiãs pós-operatórios para pacientes em tratamento de câncer de mama é realizada neste mês e as doações podem ser feitas em seis pontos: Clínica Mama Center (rua Américo Brasiliense, 1.420); Yoga Barão (rua Barão do Amazonas, 1.021); Padaria Pão Quente e Cia. (rua Bernardino de Campos, 475); Farmácia Liane (rua Dr. Soares Romeu, 205); Clínica Levity (rua Henrique Franco, esquina com Garibaldi); Ásanas Studio Pilates (avenida Sumaré, 462).

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