Unidade de Emergência: onde a vida ganha mais uma chance

“Na Unidade de Emergência trata-se mais que o corpo, trata-se a alma”

“A Unidade de Emergência é um hospital que não descansa, graças a Deus”. Treze palavras e um sentimento que inunda de gratidão todos aqueles que um dia precisaram da UE. A frase é de um especialista no assunto: Sérgio Buonorotti passou quatro meses no hospital, três deles em coma. Em seis anos de tratamento foram 63 cirurgias. “Foi lá (na UE) que tirei meu segundo registro de nascimento”, disse.

Por ano, são quase 4,5 mil cirurgias e 35 mil consultas realizadas. “Na Unidade de Emergência trata-se mais que o corpo, trata-se também a alma. Lá tem algo espiritual. É uma equipe diferente mais humanizada que estimula a vida”, afirma Buonorotti. Ele foi vítima de um assalto, no anel viário, perto das Casas Bahia, e foi levado primeiro para o PS Central e depois para a sala de trauma da Unidade de Emergência. 

O complexo da Sala de Urgência da Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas da FMRP é subdividido em quatro setores específicos e um de radiodiagnóstico: sala de trauma, estabilização clínica, urgências clínicas (box) e psiquiatria. 

Sala de Trauma.

A sala de trauma destina-se ao atendimento do politraumatizado e conta com apoio diagnóstico de ultrassom na beira do leito, dois tomógrafos e radiologia intervencionista, quando necessário. No caso de trauma vermelho a agência transfusional, o centro cirúrgico e o laboratório são informados para ficarem preparados.“Todas estas ações otimizam todos os tempos do atendimento”, explica José Paulo Pintyá, diretor de Atenção à Saúde, na Unidade de Emergência.  

O diretor do Trauma da UE., Mauricio Godinho explica que “se for classificado  estável, o paciente é encaminhado para Sala de Urgência que, na UE., chamamos de box. Já aquele de maior complexidade, em situação de urgência ou emergência, é encaminhado para Sala de Trauma ou Sala de Estabilização clínica”. 

“A partir dessas avaliações, são disparados vários protocolos assistenciais para o atendimento e a nossa estrutura é preparada para atender, principalmente, os traumas considerados vermelhos, que são aqueles com risco iminente de morte. Uma equipe multiprofissional, com pelo menos nove profissionais, faz o atendimento inicial”, afirma a encarregada da Sala de Trauma, Flábia Trovo Sousa.  

A  Sala de Trauma também é responsável pelo atendimento ortopédico inicial que acontece em local próprio. O volume de atendimento da ortopedia é alto. Além do atendimento ao politraumatizado, são encaminhados para a UE pacientes com fraturas complexas e muitos casos em que os implantes necessários somente são financiados pelo Estado. 

Dos quase três mil traumatizados recebidos por ano, na Unidade de Emergência 30% são considerados graves. Significa que quase nove pacientes, por dia, são atendidos na sala de trauma, cerca de três em estado grave. Os acidentes de trânsitos são os mais comuns e os motociclistas são as principais vítimas.

Pré-hospitalar 

“O atendimento inicia-se no pré-hospitalar e no ato da regulação médica, o médico da UE. recebe informações de como o paciente foi encontrado na cena do acidente, que tipo de acidente, idade, sexo e outras informações que são fundamentais para que seja preparado o cenário, com a organização dos recursos humanos e materiais, para o atendimento”, explica Flábia.    

Perfil profissional

“Para trabalhar na Sala de Trauma o profissional precisa ser dinâmico, ter destreza para realizar técnicas, trabalhar com cooperatividade com toda a equipe, manter-se atualizado em conhecimentos e habilidades necessárias para prover melhor qualidade de serviço na emergência, saber lidar com situações de angústia do paciente, bem como de seu familiar. Em especial o enfermeiro precisa ter perfil em liderança para lidar com toda situação de urgência e emergência que ocorre durante o trabalho”, explica Adriana Moreno, enfermeira chefe da Sala de Urgência.

Classificação de Risco 

 “Os pacientes que vêm regulados para a área de box, apesar de já terem atendimento pré-hospitalar, passam por uma classificação de risco para que seja identificado o risco clínico deste paciente na chegada à Unidade de Emergência”, explica a enfermeira encarregada da Sala de Urgência, Paloma Mithie Rebouças Ynohqie. A classificação varia em não urgência, pouca urgência, urgência, muita urgência e emergência. 

Emergência X Urgência 

Os casos de emergência são aqueles em que há risco iminente de morte se não acontecer intervenção imediata da equipe multidisciplinar. A urgência não apresenta um risco imediato de vida, porém pode se transformar em uma emergência se não for solucionada rapidamente. 

Referência: Assessoria de Comunicação HCFMRP-USP – FOTOS: 1- Parte da equipe da Sala de Urgência
2- Doutor Mauricio Godinho: Diretor de Trauma da UE